Por Kyoshi Taka
Em tempos de internet, onde a informação é quase que imediata, se nota até de forma muito clara, que está muito na “moda” o tipo de “conhecimento fast-food”, do qual não existe mais a necessidade do questionamento próprio, bastam alguns cliques no mouse e pronto, já teremos uma explicação qualquer de um assunto qualquer e teremos o “conhecimento relâmpago” ao alcance do nosso monitor.
Embora nos traga alguns benefícios esse tipo de rede de informação também pode, em muitos casos, provocar uma especie de “síndrome” na maioria das pessoas, especialmente os jovens, síndrome essa que está criando uma sociedade que se preocupa muito pouco em buscar os questionamentos, onde vemos que é muito mais prático apenas absorver uma pequena parte de qualquer informação , misturar com algumas pitadas de qualquer dogma religioso ao qual fomos condicionados a crer desde pequenos, umas teorias aqui e outras ali e pronto, “ saindo um quentíssimo e apetitoso lance de conhecimento-fast food “ .
A situação se torna preocupante ainda mais quando notamos que uma boa parte dessas pessoas não só fazem grande uso desse tipo de conhecimento como chegam a criar uma falsa ilusão sobre conceitos muito antigos que não são necessariamente uma novidade, estão apenas adormecidos dentro de nosso ” precioso” casulo, que conhecemos como EGO.
Nesse oceano de informações fragmentadas e sem muitos detalhes, vive uma infinidade de lendas,conceitos e até mesmo uma nova “modalidade” de filosofia que pode ser encontrada facilmente : o “achismo”.
O mundo atual é moldado pelo relógio, onde a sociedade tecnocrata vive seus melhores momentos, oferecendo uma vasta quantidade de “soluções” rápidas e práticas, colocando assim o conceito do “não perca tempo” como um meio “inteligente” de viver a vida, e que com a ajuda dos “acessórios” certos você estará apto para conquistar seu lugar ao sol.
A grande dificuldade de compreensão sobre os fatos transformou o mundo em algo fantasioso demais, adentrando no campo do supersticioso e do sobrenatural, criou-se barreiras intransponíveis que aprisionam e vulgarizam um vasto conhecimento cultural e intelectual valioso, hoje qualquer citação ou menção que faça o ser humano interagir mais consigo mesmo é considerado como algo “diabólico” e perverso, a subcultura do “conhecimento relâmpago”, tenta de todas as formas se firmar no dia a dia das pessoas, e me parece que uma grande parte de nós realmente se sente bem a vontade com essa situação.
Chega a ser até controverso observar que muitos tentam explicar as grandes coisas e não ter o fundamental ponto de observação para enxergar as menores, é o mesmo que observar um antigo toca-discos e tentar entendê-lo e explicar o seu funcionamento ignorando o próprio disco em si, suas ranhuras e seus “mistérios” invisíveis, não é possível entender o toca-discos sem ter o conhecimento de como o próprio disco funciona, a explicação não terá nunca um entendimento lógico e sensato, assim como em qualquer campo é necessário o entendimento que não está visível aos olhos , daquilo que muitas vezes se encontra escondido a meio a metáforas e alegorias, que assim se encontram para que seja entendido que o conhecimento possui várias facetas, existem inúmeras formas de ensinar e explicar, e na maioria dos casos a forma alegórica talvez seja a faceta do entendimento direto, profundo, que adentra as carnes da ignorância deixando apenas uma leve cicatriz que nos fará lembrar o que a ocasionou sempre que a olharmos.
A criação e desenvolvimento de uma série de pensamentos “escravizantes” baseada em dogmas religiosos incoerentes e de completo vazio filosófico simplesmente tomaram de assalto a onda “ helenista” que em tempos antigos varreu a sujeira das medidas dos pré-conceitos e trouxe a tona a cristalina solução para a maioria dos problemas humanos, porém fomos obrigados a beber de outras águas, que sacia apenas a sede dos que não conseguem distinguir sua salubridade, que de tão acentuada se confunde com o frescor da mais pura fonte.
Testemunhamos hoje , sem dúvidas, a maior chacina da história humana, onde milhões de pessoas estão se deixando serem abatidas pela ditadura impiedosa do egocentrismo, das subculturas “modernas” que tentam de forma instantânea criar a geração “relâmpago”, que de tão apressada que se apresenta não teve tempo de “pegar” os fundamentos básicos que fortalecem e sustentam o crescimento humano, conceitos e tradições morais , éticos e do respeito mutuo ficaram perdidos no tempo, não tem espaço dentro da cultura robotizada do “tempo é dinheiro”.
O conhecimento fast-food oferece uma digestão rápida , que não se preocupa em conter “proteínas” ou nenhum elemento que facilite o crescimento de quem o consome, em sua receita vemos ingredientes variados de muitos sabores e texturas e mesmo assim devoramos esse peculiar e aparentemente saboroso prato sem sequer imaginar que a indigestão que ele nos causa pode ser fatal , deixando sequelas em nosso comportamento , debilitando e abrindo a porta para que a doença da ignorância se transforme no câncer que consome o mundo.
Na próxima matéria abordaremos os conceitos do esoterismo e exoterismo, onde tentaremos explicar e esclarecer suas alegorias e o porque de seu significado “oculto”, suas diferenças e as confusões que são criadas ao redor desses termos, fiquem ligados nas próximas matérias.